sábado, 16 de fevereiro de 2008

Walcyr Carrasco fala de 'Sete Pecados'

O autor de 'Sete Pecados' que chegou ao fim nesta sexta-feira (15/02) falou da novela no seu blog oficial, veja o que Walcyr comentou na íntegra:


Escrito em:15/2/2008


LUTO DE NOVELA

"Eu havia prometido escrever sobre receitas, mas agora que a novela Sete Pecados chega ao final, eu preciso desabafar. É incrivel como eu sofro no final de uma novela. Deprê total. Acho que é um sentimento comum entre os autores. Acontece o seguinte: quando eu crio um personagem, ele toma vida dentro de mim. Não estou falando que o personagem é um espirito do além, não. Mas é como se ele tomasse vida própria, tivesse sentimentos, desejos, sonhos, sombras, que eu vou descobrindo ao longo da novela. É enfim, como alguém que eu conheço, um amigo que entra na minha intimidade. E todas as noites, quando escrevo, eu "converso" com eles. Por isso, muitas vezes, quando sou entrevistado sobre este ou aquele rumo da novela, é dificil explicar que o personagem "me contou" o caminho que ia tomar. Vão pensar que estou maluco. Mas é assim mesmo. O personagem às vezes não aceita um caminho, um final, e me "prova" de que tem sentimentos diferentes do que eu planejei a princípio. Vejam bem, não estou falando do ator. Mas do personagem que construi em casa, com um pedaço do meu coração.

Durante esses meses os personagens se tornaram meus amigos íntimos. Torci por eles. Convivi 24 horas por dia. E aí chega o fim da novela. Imagina o que é perder 60 amigos de uma vez só. Saber que nunca mais os verei, que vão se tornar uma lembrança. Assim como acontece quando alguém parte de nossa vida. Digo agora adeus a Beatriz, Dante, Clarice, Custódia, Adriano, Regis, Elvira, Juju, Romeu, Xongas, Estela, Hércules, Carla, Agripina, Schmidt, Miriam, Vicente, Benta, Rebeca e tantos mais!

É uma despedida que dói. Sinto uma profunda depressão.

A única coisa que me consola é que meu coração continua uma terra viva. Estou pronto para deixar brotar novos personagens, novas vidas e novos amigos, num eterno movimento de nascimentos e despedidas que é, em última análise, a espiral da criação".

Walcyr Carrasco

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